25 de junho de 2009

O Poder da Escolha

PoderEscolha

Crack leva irmão a matar irmão

Para salvar a mãe da morte, jovem de 28 anos assassinou o familiar a pancadas



De todas as noites em que passou em claro, a industriária aposentada Brandina de Oliveira dos Santos, 58 anos, tinha a certeza de que em uma delas uma notícia trágica chegaria da rua: pressentia que o filho não conseguiria sair do pesadelo do crack, que envolveu toda a família. Ela só não sabia que tudo aconteceria diante de seus olhos, dentro de sua própria casa, no pequeno município de Nova Hartz, no Vale do Sinos.

Quando reunia documentos para tentar a 16ª internação do filho Luiz de Oliveira Batista, 35 anos, viciado em crack havia três anos, viu o filho mais novo matá-lo com uma barra de ferro para defendê-la das agressões. Sob o efeito da droga, Luiz exigia da mãe dinheiro para comprar mais pedras e a ameaçava com uma faca, quando Mateus, 28 anos, se adiantou para defendê-la.

– Se o Mateus não tivesse feito isso, tenho certeza de que o Luiz teria matado a todos nós. Tudo isso porque eu não tinha o dinheiro que ele queria – lamentava a mãe.

Eram 22h de terça-feira, e a família se recolhia para dormir após a oração. Evangélica, dona Brandina já não esperava mais o filho naquela noite quando ouviu o estrondo na porta. Era Luiz com uma barra de ferro nas mãos. Ele queria dinheiro.

Com a negativa da mãe para os R$ 10 que virariam duas pedras de crack, o rapaz partiu para cima da aposentada com a faca de cozinha que encontrou em cima da mesa. Deu tempo de jogar uma bacia de pipocas que havia ficado na mesa no rosto da mãe e derrubar a mesa e as cadeiras da cozinha. Quando ameaçou investir novamente contra a aposentada, o irmão mais novo, que dormia no quarto, apareceu. Recolheu a barra de ferro do irmão e deu um golpe certeiro na cabeça de Luiz. Mateus continuou a bater no rapaz, já deitado no chão.

– Ele dizia que, se não terminasse com aquilo naquela hora, o irmão nos mataria. E ele faria isso mesmo, pois já tinha prometido. O Luiz me socava, me empurrava, já bateu com uma barra na minha cabeça. Achei que alguém pudesse fazer isso com ele na rua, mas nunca dentro de casa, olha o que o crack fez com a minha família – lamentava Brandina.

Eduino Planer, 57 anos, companheiro de Brandina há quatro anos, chorava e orava no quarto ao lado. O casal perdeu as contas das vezes em que teve de pedir guarida a vizinhos por medo de voltar para casa.

Este mês, porém, ela pretendia abandonar a casa e deixar o filho. Decidiu que não tinha mais condições de conviver com as influências do crack sobre o rapaz. Data do dia 2 a última ocorrência registrada pela mãe na Delegacia da Polícia Civil, relatando as agressões do filho, pouco depois de ele furtar uma bicicleta da vizinha e trocá-la pelas pedras.

– Nem rancho do supermercado a gente podia ter em casa, qualquer saco de comida fechado ele levava e trocava pela droga. Só tinha em casa o que ia para a panela. Ele levou nossos celulares, os CDs de música evangélica e até o enxoval da irmã – diz Planer.

Luiz trocou mulher e filho pelas correntes do crack

O vício fez Luiz viver para a droga. Abandonou o trabalho, o casamento e o filho de oito anos. Do lado de fora da casa recém-construída, a mãe mandou fazer um quarto para o filho que já não tinha mais horário para nada. Ao lado da cama com lençol bem estendido, dois cachimbos improvisados ficaram à mostra. Ambientada à rotina do filho com a droga, Brandina sabia como Luiz manuseava o cachimbo.

– Enquanto ele se trancava aqui, eu espiava pelas frestas, preocupada. Não tinha mais o que fazer. Ninguém sabe como é difícil ver um filho morrendo pelas mãos de outro. Mas eu tenho de ser forte pelo meu filho que fez isso para me defender – se desespera.

Mateus fugiu do local do crime, mas a família promete apresentá-lo à polícia ainda nesta semana.


Letícia Barbieri, Nova Hartz | leticia.barbieri@zerohora.com.br
Crack Nem Pensar

20 de junho de 2009




14 de junho de 2009 | N° 16000AlertaVoltar para a edição de hoje
MARTHA MEDEIROS
• Um lugar para se viver

A Maria Rezende é uma poeta carioca que recentemente lançou um livro encantador chamado Bendita Palavra, onde, entre tantos versos, fui surpreendida por este: dentro de mim não é mais um bom lugar para se viver.

Semana passada eu decretei que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço. Mas o abraço é um refúgio externo. O que fazer quando dentro de nós, esse lugar privativo, deixa de ser um bom lugar para se estar?

O verso da Maria Rezende reflete uma necessidade de se exorcizar, o pânico de não detectar dentro de si um abrigo, uma quentura, um espaço aprazível onde caibam todos os nossos fantasmas. A voz que fala através da poeta tem vontade de expulsar-se de si própria, já não reconhece um sol interno – isso sou eu que estou interpretando, Maria fala mais bonito: “teve um tempo em que esse dentro parecia com o fora/ era um ótimo lugar pra uma moça como eu era”.

Aí a personagem do poema virou uma moça diferente, hospedou em si uma criatura arrebentada, ferida, e danou-se, agora ela não é mais um bom lugar para se viver.

Explica tanta coisa, esse sentimento.

Explica a gente não conseguir se relacionar bem com os outros, explica autoflagelo, explica engordar ou emagrecer além do razoável, explica suicídio, explica a sensação de ser um estrangeiro até para si próprio. Como lidar com esse despatriamento, para onde levar nossa mochila, nossa bagagem, nosso “eu mesmo” pra se instalar em outro corpo? Nascer de novo não dá.

Ou até dá. Até dá.

De vez em quando é necessário se perguntar se dentro de nós é um bom lugar para se viver. Depois de ler a poeta carioca, eu tenho me perguntado. E a resposta, sem nenhum ranço pseudointelectual, sem nenhuma espécie de autoaversão, ou seja, da forma mais simplória, é que sim, eu sou um bom lugar para se viver.

Dentro de mim há pensamentos demais, o que torna tudo meio caótico, mas tenho tentado dar uma arrumada nessas ideias e manter cada uma em sua gaveta. Há também sentimentos variados, mas de forma alguma vou expulsá-los, deixo que circulem à vontade por esse meu corpo que lhes serve de ringue, já que eles às vezes brigam uns com os outros.

Dentro de mim é sempre verão e toca música o tempo inteiro, e mantenho uma satisfação secreta que precisa se manter secreta para não passar por boba. Há crianças e adultos dentro de mim, todos da mesma idade. Aqui dentro existe uma praia e uma montanha coladas uma na outra, parece até Rio de Janeiro, só que os tiroteios são feitos com bala de festim. Dentro de mim estão muitas lágrimas que não foram choradas para fora e muitos sorrisos que, de tão íntimos, também guardei. Dentro de mim são produzidas algumas cenas sofisticadas e também roteiros de filme B. Um universo movimentado e contraditório: como não gostar de viver aqui dentro?

E você, tem sido um bom hospedeiro de si mesmo?

2 de junho de 2009

O Tempo é o Agora, Reflitam!




Os que estão a serviço do Pai estarão sempre ã disposição do próximo.


As ocasiões do homem estão oferecendo oportunidades múltiplas a que ele se concentre e pense um pouco em sua permanência neste plano, como: Que estou fazendo? Por que estou aqui?

O homem se esquece facilmente de seus deveres, pois está voltado para suas conquistas fáceis; esquece-se de que se motivo principal, seu objetivo é servir.

- Por que anda assim tão distraído, a ponte de se esquecer de seu principal objetivo?

As circunstâncias atuais o levam para o campo material. Somente em poucos casos ele se preocupa com o coletivo, e toda sua atenção tem se voltado para o lado de aquisições momentâneas.

- E o lado de sua fé?

Este lado está muito esquecido hoje em dia, muito relegado, e seu pensamento é fixado em outros motivos; até os religiosos de profissão, vamos assim falar, fazem do sacerdócio um negócio à parte de seu coração.

- Como isso pode acontecer?

É bem simples, pois todos estão em situações semelhantes, tanto o homem comum, quanto o que professa algum sacerdócio, seja ele de que ramo. Todos se nivelam, pois se dizem pastores e condutores de almas, e portanto têm que dar o exemplo. Mas não vemos isso assim demonstrado; estão todos se preocupando em viver a vida mundana, estão no mesmo nível dos demais.

- E o compromisso espiritual?

Esse é deixado para segundo plano. Naturalmente não queremos dizer com isso que a profissão de fé seja uma clausura, mas o homem é que está deixando o sacerdócio a descoberto. Ele poderia ter sua vida familiar organizada e professar seu sacerdócio com fé e caridade, mas isso não tem acontecido.

- Por que esse desvio?

Não é propriamente um desvio. O homem é que se impõe a este estado. Ele, estando tão ocupado com coisas do mundo, esquece-se de si mesmo, e sendo assim não enxerga o que faz, e seu caminho de fé fica prejudicado.

Para haver fé é preciso que a firmeza de coração seja uma constante, e isso não tem acontecido, pois o homem se impõe a tolerância com seus atos, e quer se julgar, mas tudo que lhe ocorre é julgado como desvio natural de comportamento, distração, nunca como desvio de responsabilidade, e assim sempre se sente frágil e irresponsável por seus atos. Tudo que faz o faz inocentemente.

O momento atual é de grande atenção. Os deveres dos homens estão sendo relegados a posições inferiores em sua responsabilidade.

O tempo é o agora e, se ainda tiverem tempo, reflitam, pois assim poderão distinguir os próprios desvios e caminhar sempre para a

LUZ, a PAZ, o AMOR.


Se você é importante para você mesmo, será também para seu próximo.


O Despertar da Consciência
Maria Margarida Liguori