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28 de julho de 2010

Mãe de usuário de crack revela drama após venda de Celta por R$ 50

Mãe de usuário de crack revela drama após venda de Celta por R$ 50
Filho roubou o carro para comprar droga


Uma bem-sucedida empresária da Capital, vive, aos 58 anos, o maior drama da vida: recuperar o filho de 32 anos, usuário de crack, que, na segunda-feira, pegou o carro dela e o vendeu por R$ 50.

Mãe de quatro filhos, a mulher contou ontem o drama que vive desde que o rapaz ingressou no mundo das pedras. Sem conseguir conter o choro, ela só concordou em comentar a situação “para que sirva de alerta a outras famílias”.

Diário Gaúcho – Como começou o envolvimento de seu filho com as drogas?

Mãe – Como em quase todos os casos, na adolescência, com a maconha. Foi com colegas de colégio. Depois, passou para o crack, isso já faz uns seis anos.

Diário – A senhora não percebeu?

Mãe – As pessoas sempre acham que vão perceber fácil se um parente usa drogas, mas não é. Eu e meu marido não percebemos a coisa no começo. O pior é que as pessoas não têm capacidade de chegar para um amigo e dizer: “Ó, amigo, teu filho está usando drogas”. Quando os pais descobrem, o filho já está há muitos anos na coisa. Verdadeiro amigo é aquele que alerta.

Diário – Como é o comportamento dele (do filho)?

Mãe – Ele nunca agrediu alguém em casa, até conseguia trabalhar. É uma pessoa tranquila. A gente vê que ele fica brabo às vezes, mas na dele. Certamente perdeu muito dinheiro. Nunca havia furtado coisas de grande valor, mas de trocadinho em trocadinho, vai tudo. Trocou tênis, celular, o que tivesse por crack.

Diário – Como ele está agora?

Mãe – Ele fez tratamento vários anos, toma alguns remédios. Foi internado no ano passado, saiu em novembro. Desde então, não tinha mostrado qualquer sintoma. Até que veio essa recaída. Da outra vez que ele recaiu, anos atrás, conversamos e ele disse que sabe, naquele momento que vai usar a droga, que está fazendo a coisa errada, mas que a necessidade é tão forte que ele não consegue controlar. Chega a sentir dor física. Não estou contando isso para dizer que ele é um coitadinho, mas porque é a verdade.

Diário – Sobre a venda do carro, ele comentou algo?

Mãe – Ele está se sentindo injuriado, acha que estão acusando ele injustamente. É típico da doença. Ele jura que não fez nada. É uma trajetória à qual já estou acostumada.

Diário – O que a senhora pretende fazer agora?

Mãe – Se depender de mim, ele volta a se internar. Mas nesse tipo de situação, ele tem de concordar, do contrário, não adianta. Só espero que os meios de comunicação alertem cada vez mais as pessoas sobre essa doença. Como mãe, tendo de conviver com isso, me sinto tão doente quanto ele. É uma doença incontrolável.

- Um gesto amoroso

A empresária espera convencer o filho a se internar. Mas especialistas acreditam que, mesmo que ele não aceite, a família deve tomar a medida. E, se for o caso, buscar meios judiciais para isso.

– A família tem de se impor, mesmo contra a vontade do indivíduo. É o gesto mais amoroso que um pai e uma mãe podem fazer pelo filho – afirma o presidente da Associação Brasileira de Estudos Sobre o Álcool e Outras Drogas, Carlos Salgado, que finaliza:

– Afastar-se das drogas é difícil, mas manter-se longe delas é muito mais – continuou.

- Onde buscar ajuda

Ao descobrir que algum parente ou amigo é usuário de drogas, a saída é o apoio familiar e tratamento.

O acesso ao tratamento pelo Sus se dá por meio das unidades de saúde.

Cruz Vermelha: o atendimento é gratuito e tem grupos de apoio. Informações:
3391-5955.

Viva Voz: serviço nacional, gratuito, de orientações e informações sobre a prevenção do uso indevido de drogas: 0800-5100015.

Nar-Anon: grupos de auto-ajuda para familiares de dependentes químicos. Informações: www.naranon.org.br ou 3311-7849.


DIÁRIO GAÚCHO - 28/07/2010 06h40min
Renato Gava | renato.gava@diariogaucho.com.br

10 de maio de 2009

Moldura de Mãe


Quando eu cheguei, você partiu, deixando-me indefensa em mãos estranhas.

Transitei de casa em casa e, somente na rua, sob o amparo do firmamento, encontrei o teto que ainda me acolhe.

Dizem que sou menor carente, porque não tendo mãe falta-me tudo.

Há outros menores assim também chamados, que possuem pais e vivem sob carências atormentantes.

Eu sei que se você estivesse aqui, certamente me teria amparado, conduzindo-me com segurança..

A vida sem a presença de uma querida mãe é igual a uma viagem por largo trato de terra desértica sem a proteção de uma sombra nem o apoio de uma fonte refrescante.

Contam-me que há mães desalmadas, que abandonam os filhos sem qualquer compaixão.

Quando tal acontece, porém, elas devem estar loucas, vitimadas pela ignorância ou por fatores outros, decorrentes da miséria social, econômica ou moral.

...E constituem exceção.

Embora eu não a tenha conhecido, mamãe, emolduro-a com a ternura e o amor, confiante em que você é um anjo, no país do céu, velando por mim ao lado de outras mães, que se transformam em claridade estelar, a fim de que os orfãozinhos, que sofrem na escuridão, encontrem o brilho da esperança para seguir adiante, liberando-se da amargura e da desesperação...

Enquanto haja mulheres que se santifiquem no ministério da maternidade, o futuro feliz da criatura humana permanecerá abençoado por Deus...


Livro: No Longe do Jardim
Eros & Divaldo P. Franco

24 de abril de 2009

Mãe relata a dor de ter perdido o filho para o vício do crack

Relutei muito antes de postar essa reportagem, já que me foi instruido não ficar lendo notícias desse porte, pois já estava entrando em vibração com tanta desgraça e por consequência perdendo energia. Mas não consegui deixar de ler tal depoimento, que parece sair de um conto literário. A seguir o sentimento da mãe que matou o próprio filho que se auto destruiu, e também à sua família por causa de crack. Que as pessoas que lerem esse depoimento fiquem atentas a sua volta, por que as drogas infelizmente fazem parte de nossas vidas. E que a Luz possa iluminar essa mãe. Que a Luz possa guiar os passos desse infeliz filho que ignora as Leis Divinas. Que o Amor de Jesus se propague por todo a Terra!!!

LUZ!!! LUZ!!! LUZ para todos nós!!!


***


Mãe relata a dor de ter perdido o filho para o vício do crack
"Hoje vivo um dia após o outro" diz Flávia Costa Hahn após a tragédia que se abateu sobre sua família

José Luis Costa, Renato Gava, Rozanne Adamy | joseluis.costa@zerohora.com.br, renato.gava@diariogaucho.com.br, rozanne.adamy@diariogaucho.com.br


Duas horas e meia após depor à Delegacia de Homicídios e Desaparecidos, a representante comercial Flávia Costa Hahn, 60 anos, recebeu Zero Hora e Diário Gaúcho para falar sobre a tragédia que se abateu sobre sua família desde o domingo de Páscoa, quando empunhou o revólver que matou o único filho, Tobias Lee Manfred Hahn, viciado em crack.

Sentada na sala de sua casa de três pavimentos com piscina na região conhecida como Sétimo Céu, no bairro Tristeza, em Porto Alegre, ela relembrou durante uma hora momentos dramáticos da sua trajetória como mãe, com a ressalva de que não falaria sobre o dia da morte de Tobias.

Veja em gráfico os efeitos do crack no organismo

– Foi um acidente – repetiu, garantindo que foi ela a autora do tiro disparado de um revólver do marido Manfred Oto Hugo Hahn, 75 anos.

A seguir, trechos do desabafo de Flávia:

O FILHO SONHADO

“Fui mãe aos 34 anos. Um filho desejado. Estávamos nos Estados Unidos e nunca tivemos casa própria. Vivíamos como ciganos de um país para o outro. No dia que eu engravidei, a gente decidiu fazer essa casa para o nosso filho. Nasceu aqui, mas logo fomos morar na Venezuela. Eu ficava com ele, não trabalhava. Era um menino espoleta, bagunceiro, hiperativo. Ficou lá até aos nove anos, quando voltamos para o Brasil.”

A MACONHA NO COLÉGIO

“Quando a gente voltou, logo consegui trabalho. Acho que foi ali o meu erro. Pensando que ele estaria bem no colégio, tinha uma pessoa muito boa (uma empregada) cuidando dele. À noite e nos finais de semana, eu estava sempre em casa. Pensei que isso seria suficiente, mas não foi para o Tobias. Ele saía com os amiguinhos, começou com a maconhazinha no colégio. Acho que não fui enérgica o suficiente.”

A SUPERPROTEÇÃO

“Filho único. Ele sempre me dominou. Tinha um jeitinho de pedir as coisas que eu não podia negar. Quando não estava no crack, era muito carinhoso. Era a mãezona dele. Às vezes, eu brigava com meu marido, que era mais enérgico, para defender ele. Foi muito mimado por mim. Acho que foi esse meu defeito.”

O INÍCIO DO PESADELO

“O Tobias usava droga desde os 14 anos. Da maconha, passou para a cocaína. Em 2002, ele se meteu com uma gangue e teve problemas com a polícia. Mas mantinha o vício assaltando, roubando. E eu, como mãe, nem sabia. A gente é sempre a última a saber. Então eu consegui um trabalho em Brasília e fui para lá. O meu marido ficou aqui, desesperado, não aguentou a situação. O Tobias batia no meu marido, maltratava a pessoa que cuidava do meu marido. Então, levei ele para Brasília.”

AS NAMORADAS E A PASSARELA

“Brasília foi um santo remédio. Ele deixou a cocaína, ficou na maconha. Ele teria de ter amigos e não tinha. Passou três meses suando no apartamento. Não sabia que a falta de cocaína dava essa suadeira nele. Conseguiu outros amigos, uma namorada. Fez curso de modelo, cuidava da pele, fazia musculação. Fiquei um ano e meio em Brasília. Ele ganhou dinheiro desfilando, as gurias correndo atrás dele. Era loirinho e chamava a atenção. Depois fui para o Rio. Continuou com a maconha, mas nunca me pediu dinheiro além da mesada de R$ 300. Ele ia à praia, fez curso de guia de turismo e trabalhava como modelo. Até a Xuxa chamou ele para entrevista.”

O RETORNO E O CRACK NA PORTA DE CASA

“O inferno começou em 2006. Voltei para minha casa para ser representante da empresa em que trabalhava. Fiquei aqui, viajando pelo Estado e por Santa Catarina, e ele reencontrou antigos amigos e começou a usar crack direto. Aqui é muito fácil. Vivemos em uma zona residencial classe A, mas se caminha 200 metros e tem uma vila com três traficantes e do outro lado tem um beco com um monte de traficantes. O crack é muito barato. Qualquer um tem R$ 5 para comprar.”

AS INTERNAÇÕES

“Ele não aceitava. A primeira foi pelo meu plano de saúde. Chamei uma ambulância e, enquanto ele dormia, vieram aqui, o pegaram e levaram. Ficou 30 dias na Clínica São José. Saiu de lá bem, tomando remédio, um antidepressivo e um remédio que bloqueia o cérebro e não dá vontade de usar drogas. No momento em que parou com o remédio, voltou para a droga. Internei ele seis vezes. Meu plano de saúde pagava só uma vez por ano e até 15 dias. Era muito caro, R$ 400 por dia. Quando eu não tinha dinheiro, pedia via ordem judicial. Dizia ao oficial de Justiça a hora em que o Tobias estava em casa dormindo e que tinha de vir com a Brigada. Eles chegavam aqui, pé por pé, eu abria a porta, acordava ele, e ele ia para o PAM 3, na Vila Cruzeiro do Sul, aguardando vaga em um hospital em SUS.”

AS ROUPAS QUE VIRAM DROGA

“Em 2007, comprei uma moto nova (Honda 125 cilindradas) para ele, e ele começou a trabalhar como motoboy. Eu viajava muito naquele tempo e não conseguia controlar ele. Depois, ele disse que roubaram a moto. Trabalhou no Clube Jangadeiros, lixando barcos, gostava muito. Consumia tudo que ganhava. Nunca comprou uma peça de roupa para ele. Tudo eu dava. No ano passado, consegui um emprego em uma grande transportadora em Manaus. Comprei a passagem aérea para ele fazer entrevista. O voo saía as 2h, mas ele sumiu. Me deixou com a mala e a roupa nova comprada. Perdi a passagem. Depois, ele vendeu a roupa. Era uma coisa a mais que ele tinha para vender para consumir drogas.”

MÃE VIRA BANCO 24 HORAS

“Quando surtava, ele me batia. Me bateu várias vezes. Às vezes, ele dava tapas no meu rosto e a cabeça voava. Ficava toda machucada. No Natal passado, ele queria dinheiro, eu não tinha, e ele me tirou a soco de casa até o bar do seu Adão, que é meu amigo, aqui perto, para pedir R$ 20. Estava fechado. Ele me empurrou a soco, escadaria acima, até a casa do seu Adão. Eu caía, levantava, ele me empurrava para ir mais rápido. Não tinha ninguém. Tive de voltar em casa, pegar o cartão de crédito e ir no banco sacar dinheiro. Eu era o banco 24 horas dele.”

TROCO ESCONDIDO EM CASA

“Nos dias 30 e nos dias 6 ou 8 , quando meu marido e eu recebíamos, ele infernizava a minha vida. Pedia dinheiro, três, quatro vezes por dia. Eu já deixava escondido. Trocava uns R$ 200 por notas de R$ 5, R$ 10, R$ 20. E quando ele incomodava muito, dava R$ 5. Aí, ele ficava mais uma hora pedindo, a noite toda. Dava dinheiro para ele não roubar outras pessoas. Pela violência dele, podia cometer um crime. Eu tinha de caminhar uns 20 minutos (2,3 quilômetros) até um caixa 24 horas buscar dinheiro. Isso à noite, de madrugada. Ultimamente, eu ia dormir na casa de uma amiga. Meu carro (um Gol) está parado há um ano. Não quis arrumar. Ele vendeu a bateria e o estepe, a chave de roda, e deixei assim.”

ACESSO PROIBIDO AO FILHO

“Primeiro foram as roupas dele. Depois, o meu guarda-roupas. Os meus casacos de pele, meus sapatos. Um dia entrei lá e não tinha mais nada. Depois acabou com a roupa de cama, tapetes. Coisa de valor, ele empenhava com os traficantes por R$ 50. Eu dava o dinheiro e mandava ele buscar. Deixava a casa toda chaveada. Só deixava acesso à cozinha e ao quarto dele. Ultimamente, ele só ameaçava colocar fogo na casa. Tinha medo dele.”

A FAMÍLIA DEPENDENTE

“O crack mantém a gente refém dele. Os familiares, as mães, os pais, pensam 24 horas no crack. A gente também é viciado nela. É uma maldição. Tu pensa: daqui há pouco vou ter de dar dinheiro para o crack. É incrível. A gente fica pensando quando isso vai acabar. De cada mil pessoas, acho que uma pessoa se livra do crack. Nunca perdi a esperança que ele sairia das drogas.”

AS AMEAÇAS E O TIRO

“Nunca pensei que pudesse ter uma atitude radical com o Tobias. Só peguei aquele revólver para assustá-lo. Foi um tiro só. Um acidente. Não direcionei a arma, não apontaria para o rosto dele. Ele passou correndo por mim, estava desnorteado. Tentou me explodir com gás dentro da cozinha, foi dramático. Estou na mão de Deus e da Justiça. A coisa mais preciosa que eu tinha, já perdi. Tudo que vier, vou receber como tem de ser.”

O TRATAMENTO NA PRISÃO

“Me trataram muito bem no presídio (Penitenciária Feminina Madre Pelletier). Menos as detentas. Diziam: ‘a assassina do filhinho? Não a queremos na cela’. Me colocaram em uma solitária, e elas (agentes) me disseram: ‘não se preocupe, a gente está com a senhora’. Me deram café da manhã, almoço. Cheguei lá na madrugada e fiquei até as duas da tarde.”

O ANIVERSÁRIO E O CEMITÉRIO

“A vida parece que parou. O centro das minhas atenções era meu filho. Por mais que me usava para comprar droga, eu estava sempre perto dele. A vida está vazia. Domingo passado era aniversário dele. Fomos ao cemitério, levei flores e rezei por ele. Vou a uma igreja espírita. O pior momento dessa tragédia foi ver o meu filho sem vida. Hoje vivo um dia após o outro.”

UM RECADO ÀS MÃES

“É preciso procurar toda a ajuda, como eu fazia. O crack é tão forte que, quando a pessoa consome muito, bloqueia todo o sistema nervoso. Então, a pessoa não é mais ela. Não se pode desistir nunca. Não tive sorte de salvar meu filho, mas pode ser que outras tenham. Na infância, acho que a mãe deve deixar de trabalhar e se dedicar absolutamente às famílias.”


24/04/2009 - 05h38min
Zero Hora