14 de setembro de 2008

Agacha as costas e trabalha



“Sede pacientes; a paciência é também uma caridade e deveis praticar ensinada pelo Cristo, enviado de Deus.”

- Saravá, zi fio. Por que tanto desânimo?
- Minha mãe, estou tentando servir na caridade, mas sempre aparece alguém com falsidade, cheio de intenções dissimuladas. Tentem semear o inço da discórdia e fico desanimado. Outros dizem que eu “não vou salvar o mundo”, que é perda de tempo ficar tentando ajudar um ou dois quando o planeta está perdido pela maldade e pelas desgraças humanas.
- Meu filho, não queiras ser um holofote que do alto brilha e ilumina distâncias e amplos lugares. Contenta-te em ser uma vela que, postada no chão, serve de rumo na escuridão e, até que dure sua cera, brilha e clareia. Uma simples vela que serve de canal para a oração de quem tem fé ou de lâmpada para o casebre do humilde. Se ainda não conseguires ser essa lamparina, busca ser apenas um vaga-lume no meio do pântano, mas não deixa sua luz apagar, zi fio. Não existe e não queremos perfeição nesta terra dos homens. Brilha, mesmo parcamente, mas continuamente. Há de sempre haver quem precisa de um pontinho na escuridão para retornar seu rumo. Sê luz para as almas perdidas, sem ofuscar os olhos de quem necessita do seu coraçãozinho machucado, para que possam sentir e ver que também possuem sua própria luz. Lembra-te de Nosso Senhor Jesus Cristo que, podendo brilhar no céu como a mais linda estrela, preferiu descer à Terra e deixar aqui outros pontos de luz que iluminam o mundo, em especial o nosso Cruzeiro do Sul, que já serve de referência nos céus do planeta. Acima de tudo, quando vier a chuva de pedras, agacha mais e mais suas costas doloridas e trabalha. Olhando o chão de poderás enxergar nele o brilho das estrelas refletido no suor da caridade, e teu espírito então se exaltará e qual holofote brilhará, sem ter subido ao alto. Assim, mantendo-se curvado para auxiliar o próximo, teus olhos não enxergarão nem o sorriso malicioso, nem o olhar maledicente, e teus ouvidos ocupados em ouvir o que vem do Alto não escutarão as palavras maldosas daqueles que ainda rastejam nas sua própria lama.
Minha bênção.


Causos de Umbanda Vol.2 – Vovó Benta (psicografado por Leni W. Saviscki); páginas 148 e 149

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