Relator gaúcho deve absolver dono de castelo
Sérgio Moraes diz que não vai fazer de colega “boi de piranha”
Sérgio Moraes diz que não vai fazer de colega “boi de piranha”
Autor da máxima de que deputados sofrem do “vício da amizade”, Edmar Moreira (sem partido-MG), dono do castelo de R$ 25 milhões, ganhou ontem apoio de um aliado estratégico.
Se depender do deputado gaúcho Sérgio Moraes (PTB), relator do processo de quebra de decoro contra Edmar no Conselho de Ética, o colega mineiro não tem motivos para se preocupar. Ele deixou claro que não vê razão para condenação:
– Se temos 513 deputados e só um é investigado, então ele é boi de piranha. E os outros 512 deputados? Tem muita gente dona de posto de gasolina que até a semana passada abastecia nos seus postos. Eu acho que isso é moral, sim. Qual o problema de você usar sua verba em um posto de gasolina, se ele cobra preço da tabela?
O relator encampou a tese de Edmar de que não cometeu nenhuma irregularidade no uso da verba indenizatória e pôs em dúvida a sindicância da Corregedoria, responsável pela investigação que apontou indícios de uso do recurso público em benefício próprio. Edmar contratou serviços de segurança de suas empresas com a verba indenizatória.
No início do ano, quando foi eleito 2º vice-presidente e corregedor da Câmara, Edmar havia dito que os deputados “têm o vício da amizade” e se declarado contra o julgamento de parlamentares pelos pares. Moraes acabou ontem defendendo a mesma tese:
– A acusação imaginou que o serviço não foi prestado. Eu posso imaginar que foi prestado. Se não havia norma que impedisse o deputado de contratar sua própria empresa, ele não cometeu irregularidade alguma.
O relator mostrou não estar preocupado com a má repercussão de uma absolvição prévia:
– Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte da opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege – disse Moraes a repórteres.
Na abertura da reunião, o relator pediu a palavra:
– Podem me atirar no fogo que eu não tenho medo. Tenho sete mandatos e seis filhos, minha mulher é prefeita. Não é pouca vergonha eu estar aqui.
Relator sugere que Edmar siga o exemplo de Gabeira
Moraes disse que até poderá chamar funcionários das empresas de Edmar, mas não se entusiasmou:
– Eles vão dizer que prestaram os serviços e vão me mostrar os recibos. Eu não posso ir a Belo Horizonte e sair perguntando se o deputado andava com seguranças.
Embora tenha indicado que vai absolver o colega, o relator disse que não vai “assumir isso sozinho”. Antes do parecer, quer uma palavra oficial de deputados que já ocuparam o cargo de 1º secretário – responsável pelo pagamento da verba indenizatória – de que não havia regra que impedisse a contratação de empresas do próprio parlamentar:
– O bonito para a imprensa é o Fernando Gabeira (PV-RJ), que quando pegaram com passagens, chamou vocês, pediu desculpas e todos se emocionaram. Eu vou pedir ao Edmar para fazer o mesmo – ironizou Moraes, referindo-se à farra das passagens aéreas.
Entenda o caso
> No início de fevereiro, o deputado Edmar Moreira, na época filiado ao DEM, assumiu a função de corregedor da Câmara. Dias depois, foi acusado de não declarar à Justiça Eleitoral um castelo, localizado em Minas Gerais, avaliado em R$ 25 milhões. O imóvel tem 36 suítes com hidromassagem, distribuídas em oito torres com inspiração medieval, salões, sauna, piscina e estrutura para golfe.
> O deputado é investigado no Conselho de Ética por suspeita de uso do dinheiro público em benefício próprio. É acusado de utilizar notas fiscais de suas empresas de segurança para justificar gastos com a verba indenizatória.
> Edmar contratou serviços de segurança de suas próprias empresas e pagou R$ 230,6 mil com a verba indenizatória. A verba, de R$ 15 mil mensais, deve ser usada só para despesas da atividade parlamentar.
“Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte da opinião pública não acredita no que vocês (numa referência aos repórteres) escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege.”
Se depender do deputado gaúcho Sérgio Moraes (PTB), relator do processo de quebra de decoro contra Edmar no Conselho de Ética, o colega mineiro não tem motivos para se preocupar. Ele deixou claro que não vê razão para condenação:
– Se temos 513 deputados e só um é investigado, então ele é boi de piranha. E os outros 512 deputados? Tem muita gente dona de posto de gasolina que até a semana passada abastecia nos seus postos. Eu acho que isso é moral, sim. Qual o problema de você usar sua verba em um posto de gasolina, se ele cobra preço da tabela?
O relator encampou a tese de Edmar de que não cometeu nenhuma irregularidade no uso da verba indenizatória e pôs em dúvida a sindicância da Corregedoria, responsável pela investigação que apontou indícios de uso do recurso público em benefício próprio. Edmar contratou serviços de segurança de suas empresas com a verba indenizatória.
No início do ano, quando foi eleito 2º vice-presidente e corregedor da Câmara, Edmar havia dito que os deputados “têm o vício da amizade” e se declarado contra o julgamento de parlamentares pelos pares. Moraes acabou ontem defendendo a mesma tese:
– A acusação imaginou que o serviço não foi prestado. Eu posso imaginar que foi prestado. Se não havia norma que impedisse o deputado de contratar sua própria empresa, ele não cometeu irregularidade alguma.
O relator mostrou não estar preocupado com a má repercussão de uma absolvição prévia:
– Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte da opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege – disse Moraes a repórteres.
Na abertura da reunião, o relator pediu a palavra:
– Podem me atirar no fogo que eu não tenho medo. Tenho sete mandatos e seis filhos, minha mulher é prefeita. Não é pouca vergonha eu estar aqui.
Relator sugere que Edmar siga o exemplo de Gabeira
Moraes disse que até poderá chamar funcionários das empresas de Edmar, mas não se entusiasmou:
– Eles vão dizer que prestaram os serviços e vão me mostrar os recibos. Eu não posso ir a Belo Horizonte e sair perguntando se o deputado andava com seguranças.
Embora tenha indicado que vai absolver o colega, o relator disse que não vai “assumir isso sozinho”. Antes do parecer, quer uma palavra oficial de deputados que já ocuparam o cargo de 1º secretário – responsável pelo pagamento da verba indenizatória – de que não havia regra que impedisse a contratação de empresas do próprio parlamentar:
– O bonito para a imprensa é o Fernando Gabeira (PV-RJ), que quando pegaram com passagens, chamou vocês, pediu desculpas e todos se emocionaram. Eu vou pedir ao Edmar para fazer o mesmo – ironizou Moraes, referindo-se à farra das passagens aéreas.
Entenda o caso
> No início de fevereiro, o deputado Edmar Moreira, na época filiado ao DEM, assumiu a função de corregedor da Câmara. Dias depois, foi acusado de não declarar à Justiça Eleitoral um castelo, localizado em Minas Gerais, avaliado em R$ 25 milhões. O imóvel tem 36 suítes com hidromassagem, distribuídas em oito torres com inspiração medieval, salões, sauna, piscina e estrutura para golfe.
> O deputado é investigado no Conselho de Ética por suspeita de uso do dinheiro público em benefício próprio. É acusado de utilizar notas fiscais de suas empresas de segurança para justificar gastos com a verba indenizatória.
> Edmar contratou serviços de segurança de suas próprias empresas e pagou R$ 230,6 mil com a verba indenizatória. A verba, de R$ 15 mil mensais, deve ser usada só para despesas da atividade parlamentar.
“Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte da opinião pública não acredita no que vocês (numa referência aos repórteres) escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege.”
07 de maio de 2009 | N° 15962
Zero Hora
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