Vejo todos os dias na mídia esta afirmação: Os pais não dizem não aos filhos. Fico me perguntando: que pais? Onde eles andam? Profissionais que trabalham com dependentes de drogas afirmam que 90% deles não convivem com os pais, as mães são as únicas responsáveis por esses meninos. O mesmo acontece com jovens infratores. Pesquisas mostram que as mães são praticamente as únicas a comparecer às entrevistas no Juizado de Menores.
E, nas classes média e alta, onde andam os pais? Nas nossas famílias não existem casais separados? Quem cuida realmente dos filhos? Em geral, as mães, ou até as avós, que nunca são chamadas para falar sobre a questão da violência juvenil. A separação não é motivo para os pais esquecerem os filhos. Dizem que os jovens não aceitam um não. Eu me pergunto: e os pais que abandonam os filhos ouviram seu choro desesperado quando disseram “Não me deixa!”?
Agora, doutores, psicólogos, políticos acusam os jovens de mal-educados, violentos, drogados e dizem: “Eles têm que ouvir um não dos pais”. Esses jovens podem retrucar: “Eles ouviram o meu não?”. Quem é mais violento? O jovem que mata ou o pai irresponsável que abandona? Me perguntarão: todos os filhos sem pais se tornarão bandidos? Não, certamente, não. Mas, do alto dos meus 82 anos, posso afirmar que todos ficarão muito sofridos e, com certeza, terão que frequentar consultórios de psicólogos, se tiverem dinheiro, é claro.
Nem todos serão transviados, como já disse. Alguns canalizarão a dor da perda paterna surfando, tocando guitarra ou quem sabe chegando ao Senado. Outros afogarão suas mágoas numa pedra de crack, num assalto, ou matando aquele que não o buscou no colégio, que nunca lhe deu um beijo de boa-noite. Ficam revoltados, de mal com o mundo. Seus corações estão cheios de ódio. Afinal, quem foi rejeitado tem dificuldade de amar. Buscam vingança. Infelizmente, ao descarregar suas armas, matarão nossos filhos, nossos netos e amigos, que tombarão numa rua qualquer.
Quem perde a referência paterna não vê a Deus que é Pai. E se Deus não existe, já dizia Dostoievski: “Tudo é permitido”. Fui muito dramática? Mas a mídia não nos alimenta todos os dias com o drama dos outros? E as mães? Não têm culpa nesse processo? Sim, qualquer dia falarei sobre essas heroínas que trabalham de sol a sol para sustentar e educar sozinhas os filhos. Eu as conheço bem de perto. Alguns ainda dirão: “Afinal, os pais são os únicos responsáveis pela violência juvenil?”. Claro que não! Há outros fatores, como a injustiça social, a má distribuição de renda. Mas este é outro assunto.
E, nas classes média e alta, onde andam os pais? Nas nossas famílias não existem casais separados? Quem cuida realmente dos filhos? Em geral, as mães, ou até as avós, que nunca são chamadas para falar sobre a questão da violência juvenil. A separação não é motivo para os pais esquecerem os filhos. Dizem que os jovens não aceitam um não. Eu me pergunto: e os pais que abandonam os filhos ouviram seu choro desesperado quando disseram “Não me deixa!”?
Agora, doutores, psicólogos, políticos acusam os jovens de mal-educados, violentos, drogados e dizem: “Eles têm que ouvir um não dos pais”. Esses jovens podem retrucar: “Eles ouviram o meu não?”. Quem é mais violento? O jovem que mata ou o pai irresponsável que abandona? Me perguntarão: todos os filhos sem pais se tornarão bandidos? Não, certamente, não. Mas, do alto dos meus 82 anos, posso afirmar que todos ficarão muito sofridos e, com certeza, terão que frequentar consultórios de psicólogos, se tiverem dinheiro, é claro.
Nem todos serão transviados, como já disse. Alguns canalizarão a dor da perda paterna surfando, tocando guitarra ou quem sabe chegando ao Senado. Outros afogarão suas mágoas numa pedra de crack, num assalto, ou matando aquele que não o buscou no colégio, que nunca lhe deu um beijo de boa-noite. Ficam revoltados, de mal com o mundo. Seus corações estão cheios de ódio. Afinal, quem foi rejeitado tem dificuldade de amar. Buscam vingança. Infelizmente, ao descarregar suas armas, matarão nossos filhos, nossos netos e amigos, que tombarão numa rua qualquer.
Quem perde a referência paterna não vê a Deus que é Pai. E se Deus não existe, já dizia Dostoievski: “Tudo é permitido”. Fui muito dramática? Mas a mídia não nos alimenta todos os dias com o drama dos outros? E as mães? Não têm culpa nesse processo? Sim, qualquer dia falarei sobre essas heroínas que trabalham de sol a sol para sustentar e educar sozinhas os filhos. Eu as conheço bem de perto. Alguns ainda dirão: “Afinal, os pais são os únicos responsáveis pela violência juvenil?”. Claro que não! Há outros fatores, como a injustiça social, a má distribuição de renda. Mas este é outro assunto.
*Ex-deputada e historiadora
25 de maio de 2009 | N° 15980
ARTIGOS
Zero Hora
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