29 de abril de 2009

ESPIRITUALIDADE E RELIGIÃO


Tudo que escrevo aqui faz parte da minha consciência de agora, mas eu me permito mudar esta minha maneira de ver, passar uma borracha em tudo, se a sua experiência me mostrar uma nova maneira de ver. Eu estou aberto a rever os meus conceitos e a mudar de idéia a qualquer instante, desde que seja para a ampliação da minha consciência.

Eu acredito que a base de todos os meus sofrimentos esta na palavra "inconsciência" e que a base da minha recuperação está na palavra "consciência" - uma consciência clarificada pela ação de um Poder Maior, de um Deus amantíssimo da forma como eu O concebo.

A doença emocional é progressiva, mas a recuperação e o conceito pessoal de Deus, também são progressivos. Eu prefiro usar a palavra 'Deus', mas cada um pode usar da maneira que lhe convém. Se estivermos no Aberto, podemos encontrar respostas em todos os lugares e situações.

Sem união, não pode haver missão. Sem unidade não pode haver "transmissão". Transmissão é transmitir uma mensagem que "trans-passa" o nível 'comum' de conhecimento. Transmitir é ser um canal, ser um instrumento dessa Força Superior, pois somente pela ação do intelecto, não pode haver uma "real trans-formação".

Eu pergunto para você: "a espiritualidade pode existir sem a religião? E a religião, pode existir sem a espiritualidade?" E o que você entende por "espiritualidade"?

Eu acredito que a resposta a estas perguntas, bem como a essência da palavra 'espiritualidade', pode mudar totalmente a maneira de encararmos a vida e a nossa função para com ela. Para mim, podemos dividir a palavra 'espiritualidade', da seguinte maneira: ESPÍRITO + ATUALIDADE = O MEU ESTADO DE ESPÍRITO ATUAL. Como é que está a qualidade do meu espírito? Como é que está a qualidade dos meus sentimentos e emoções?

Na minha compreensão, a espiritualidade vive sem qualquer tipo de religião, mas a religião não pode viver sem a espiritualidade.

Por já ter experimentado este tipo de incomodo interior e por meio da observância do coletivo, ficou bem claro para mim, o desconforto que certas pessoas sentem ao ouvir alguém relatando suas próprias experiências pessoal de Deus. Às vezes eu fico me questionando por que será que nos incomodamos tanto quando alguém começa a falar da sua própria crença ou religião. No meu caso, me tornei super sensível à religiosidade de outras pessoas devido à série de abusos religiosos que sofri durante a minha infância e adolescência.

Muitos de nós, já experimentaram fazer um enorme esforço pessoal para se livrar de alguma imperfeição ou defeito em seu próprio caráter, sem obter um resultado satisfatório. Conseguimos detê-lo por um certo período de tempo, para depois voltar a sua prática de forma ainda mais acentuada. Não conseguimos 'positivar' de maneira satisfatória este lado 'negativo' do nosso ser, apenas a base da vontade própria. E é por este motivo, que muitos de nós, bem como nossos ancestrais, procuraram por alguma religião ou filosofia para a solução de suas 'negatividades ou sombras'.

Por eu ter nascido numa família disfuncional, eu sofri muito e fiz com que muitas pessoas fossem afetadas devido a minha falta de consciência. Nesta família, todos estavam tentando sobreviver da 'inconsciência coletiva'. Éramos todos prisioneiros entre prisioneiros - prisioneiros da 'inconsciência pessoal'. Quando tomei 'consciência' de que precisava de ajuda para me libertar da minha 'inconsciência', comecei a buscar em literaturas, instituições e irmandades diversas, respostas para a minha 'inconsciência' que acabaram por me tornar 'consciente' quanto as minhas questões internas e quanto a minha 'falta de poder' para transpassar o meu estado atual de consciência. Falta de Poder - falta de consciência... Esse foi sempre o meu real problema.

Eu pergunto a você: "Você consegue mudar por si mesmo, uma só das suas imperfeições?
Consegue remover por si mesmo um só dos seus defeitos de caráter?...

Você de certo já deve ter ouvido falar que o significado da palavra 'Religião', vem de religare, e significa, "tornar a ligar", ou seja, tornar um só, tornar uma unidade. Acredito que em todas as religiões encontraremos princípios espirituais cuja função é tornar possível esse processo de unicidade, de individuação do ser humano. Se procurarmos de mente aberta, com certeza os encontraremos.

Os grupos anônimos possuem princípios espirituais, porém não religiosos, que tem por função o preparo do ambiente interior propicio para que a graça de um Deus amantíssimo possa proporcionar a unidade interna do ser humano.

Quase todo ser humano passa a procurar por algo que possa dar sentido ao seu sofrimento interior. Eu pergunto a você: Em algum momento você teve a curiosidade de procurar o significado da palavra 'sofrer'?

Sofrer significa tolerar, suportar, consentir, conformar e resignar, que por sua vez significa 'renúncia espontânea da Graça'.

Eu acredito que a função das religiões e da espiritualidade é responder o por que do sofrimento, bem como uma maneira de crescer por meio do mesmo.

Você acredita que a 'unidade interna' do ser humano possa ocorrer tão somente pelo esforço da vontade pessoal?

Você acredita que a graça de Deus possa ser dispensável na ocorrência de tal unidade interna?

Eu acredito ser fundamental a observância e prática de 'princípios espirituais' que se mostraram funcionais durante o transcorrer dos tempos, para que a Graça de Deus possa trazer a 'unidade interna' necessária para a qualificação da vida do ser humano. E acredito também, que a maior felicidade do ser humano esteja no recebimento da graça de Deus, capaz de potencializar os seus talentos naturais, muitos dos quais até então em estado dormente e no privilégio de ser um testemunho vivo da ação da graça vivificante de Deus. Ser um instrumento a serviço da graça! No meu caso, só experimentei essa graça, quando passei da crença, para a descrença e da descrença para a 'experiência'. Não conhecemos a Deus pelo intelecto, mas sim, pela experiência.

Outra questão que gostaria de colocar é quanto a questão do 'conformismo'. Tenho a absoluta certeza que as minhas depressões do passado foram resultantes do meu 'conformismo' ao sistema de convenções e crenças familiar e social. Enquanto eu não tive a disposição e a coragem para inventariar, questionar e 'abrir mão' das crenças e convenções que me foram impostas, não comecei a caminhar para este meu processo atual de liberdade interna.

Hoje eu tenho a opção de optar e de não mais me conformar, me resignar, pois ficou bem claro para mim, que a resignação leva para a 'estagnação' que impede a livre expressão da graça. E com isso, a vida e os relacionamentos ficam sem graça. Os assuntos e atividades ficam sem graça. Creio que a qualidade da transmissão da mensagem que eu passo é diretamente proporcional à experiência pessoal da graça.

Eu pergunto para você:
"O que é que está lhe animando ou desanimando hoje - uma crença ou uma experiência?"
"Qual o propósito da sua vida?"

Para mim, foi me passado uma série de propósitos na vida, tais como: você tem que vencer, tem que ser um grande homem, tem que ter um bom salário, tem que ser um vencedor, tem que ter sucesso... tem que, tem que e mais uma série de tem que. Durante muito tempo corri atrás da realização desses propósitos. Hoje, meu propósito já não tem mais nada a ver com isso. O meu propósito é o de 'ampliar esta minha unidade interna por meio de uma relação consciente com Deus - um Deus concebido e não mais intelectualizado. Este propósito atual, direcionado para o interior, é que está me dando condições de ver o exterior de uma forma bastante diferente.

Um abraço fraterno,

Nelson Jonas nelson@cuidardoser.com.br

Nenhum comentário: